segunda-feira, 29 de março de 2010

PROEV – Projeto Educação para Valores

MARÇO 2010 
Tema: A JUSTIÇA

“Ser bom é fácil. O difícil é ser justo.” (Victor Hugo)



Com o intuito de complementar a responsabilidade da família na educação integral de nossos alunos, surgiu o Projeto Objetivo Educação para Valores – PROEV, que propõe um trabalho de reflexão sobre Virtudes e Valores por meio de temas transversais, ou seja, assuntos que atravessam os diferentes campos do conhecimento e, portanto, podem ser abordados por professores de qualquer disciplina. Esses temas referem-se à formação da pessoa humana e do cidadão, consciente de seus direitos e deveres, capaz de participar, ativa e construtivamente, da sociedade.

Durante as aulas e atividades escolares, no decorrer do ano, o projeto proporciona a todos os alunos da escola, Ensino Fundamental e Médio, momentos de conversa, leitura e análise de textos, músicas e/ou situações diárias, que levam à reflexão de valores. Durante o processo, a expressão dos sentimentos e das diferenças de ideias e visões das crianças e jovens acontecem naturalmente, e são respeitados. O objetivo do projeto não é trazer normas prontas ou certezas, mas propiciar um ambiente de reflexão, diálogo, responsabilidade, afeto e descobertas próprias.

Contamos com a parceria dos senhores pais ou responsáveis para desenvolvermos esse trabalho em conjunto com a família.

Nesse mês, o tema é “A Justiça” e teremos várias propostas para reflexão.

Destacamos algumas a seguir:


“Um povo só se torna realmente justo quando conhece, de forma clara e objetiva, o real significado da palavra justiça. A palavra justiça refere-se, antes de tudo, a um princípio de equidade, de igualdade proporcional; um princípio de sabedoria que deveria ser utilizado por todos. Normalmente, o cidadão conhece duas situações: ser beneficiado ou ser prejudicado. Devemos discernir estes extremos e adotar situações intermediárias. É no ponto médio, entre o benefício e o malefício, que encontramos o que é justo para todos. Em linhas gerais, ser justo é não oprimir nem privilegiar, não menosprezar nem endeusar, não sub-valorizar e tampouco supervalorizar. Ser justo é saber dividir corretamente sem subtrair e sem adicionar (sem roubar ou subornar). Ser justo é não se apropriar de pertences alheios e dar o correto valor a cada coisa e a cada pessoa. Ser justo é estabelecer regras claras sem dar vantagem para uns e desvantagem para outros. Ser justo é encontrar o equilíbrio que satisfaz ou sacrifica, por igual, sem deixar resíduos de insatisfação que possam resultar em desforras posteriores. A falta de diálogo, para se estabelecer o que é justo e correto, faz o cidadão prejudicado se cansar de ser omisso e partir para a violência (ir direto ao outro extremo). Essas reações têm acontecido até mesmo entre parentes e vizinhos. Por isso, precisamos nos reeducar. Se cultivarmos um padrão de comportamento realmente justo, ninguém acumulará motivos para se tornar infeliz, desleal, subornável ou violento. A esperteza, a exploração e a má fé, têm vida curta e acidentada. Portanto, precisamos abandonar a mania querer levar vantagem em tudo, e cultivar O HÁBITO DE FAZER E RECEBER JUSTIÇA EM TUDO. Já é hora de entendermos que a vantagem que se leva hoje se transforma no prejuízo de amanhã, enquanto a justiça que se pratica hoje se transformará no lucro de amanhã. Comportar-se de forma realmente justa, em todos os lugares e momentos da vida, trabalho, escola ou em família, é condição primordial para um povo se tornar pacífico e bem-sucedido.”


“A justiça é uma virtude absolutamente boa. A justiça não é fácil, nem vantajosa. Só o é para quem a recebe ou dela se beneficia. A justiça é mais do que bem-estar. Você vende uma casa, depois de ter morado nela durante anos; você a conhece necessariamente melhor do que qualquer comprador possível. Mas, a justiça é, então, informar o eventual comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de algum problema com a vizinhança. Deverá dizer-lhe que as paredes são úmidas no inverno, que o madeiramento está comido pelo cupim... A lei não o obriga a dizer essas coisas, mas a justiça sim. Devemos renunciar a nosso próprio interesse? Claro que não. Mas devemos submetê-lo a justiça, e não o contrário. A justiça é a igualdade, mas a igualdade dos direitos, sejam eles juridicamente estabelecidos ou moralmente exigidos. É a autoridade e não a verdade que faz a lei. Quando a lei é injusta, é justo combatê-la – e pode ser justo, às vezes, violá-la. Respeitar as leis, sim, ou pelo menos obedecer a elas e defendê-las. Mas não à custa da justiça, não à custa da vida de um inocente! A moral vem antes, a justiça vem antes, pelo menos quando se trata do essencial. O essencial: A liberdade de todos, a dignidade de cada um e os direitos, primeiramente, do outro. O que é um justo? É alguém que põe sua força a serviço do direito, e dos direitos, apesar das desigualdades...”
Fonte: Adaptação do texto retirado do livro Pequeno tratado das grandes virtudes – André Comte-Sponville


“Quando mais jovem eu tinha a mania de me sentir sempre injustiçado. Por um ou outro motivo, não me tinham feito justiça, sem perceber que, para mim, a “injustiça” era sempre qualquer restrição feita aos meus desejos, fantasias e vontades. E invariavelmente ficava com raiva e protestava. Um dia meu pai me chamou e disse:
-Meu filho, vamos fazer o seguinte: cada vez que você se sentir injustiçado, escreva num papel a causa. Coloque o papel no vaso azul, ali, sobre a escrivaninha. Deixe passar alguns dias e leia-o. Se achar que o assunto ainda o está aborrecendo, venha a mim, conte-me o caso e eu lhe prometo que o ajudarei a corrigir a injustiça que tiverem feito contra você. Combinado?
Estava combinado. Nos primeiros dias eu enchi o vazo azul de anotações. Passadas no preto e branco, minhas queixas me pareciam perfeitamente justificadas.
-Você já pode começar a reexaminar os seus papéis. Depois venha falar comigo.
Comecei. Mas, estranhamente, constatei que minhas queixas eram banais e que, na realidade, não havia naquilo nada que pudesse motivar aborrecimento. Abreviei o espaço dos dias e, depois, passei a examinar os papéis horas depois dos acontecimentos. Verifiquei que não tinha nenhuma injustiça a reclamar a ajuda de meu pai. E parei de protestar várias vezes ao dia, como estava acostumado a fazer. Hoje compreendo que com grande habilidade meu pai me levou a refletir antes de agir. E desenvolveu em mim a compreensão a respeito do que é “justiça” e “injustiça” em face do nosso egocentrismo, exigência de privilégios e pretensões descabidas. Com isso meu espírito de tolerância ganhou uma amplitude que me tem beneficiado ao longo de toda a vida.”
Fonte: Adaptação do texto de Wallace Leal V. Rodrigues

É melhor correr o risco de salvar um homem culpado
do que condenar um inocente.” (Voltaire)

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